sábado, 19 de dezembro de 2009

Sobre a culpa

Certamente somos responsáveis pelas coisas que nos acontecem... Mesmo que indiretamente. Nós somos responsáveis pelas amizades que perdemos, pelos amigos que fazemos, pelas pessoas que decepcionamos (e também pela forma que as decepcionamos). Nós todos estamos condenados a responsabilidade, estamos condenados pelo dever.
Por vezes tentamos de algum jeito empurrar esta culpa para outras pessoas. Passamos a nossa responsabilidade para as costas alheias, e por mais que os outros acreditem que a culpa não é nossa, sabemos intimamente que o responsável por aquela certa situação somos nós (ninguém além de nós mesmos)... E isso, meus amigos, é uma coisa trágica (de certa forma), porque por fora podemos estar felizes, sorrindo; mas por dentro só conseguimos nos sentir culpados.
É como se todos por quem passássemos na rua lêssem aquela plaquinha de culpado no meio da nossa testa. Ou vai dizer que não? Quando a gente sabe que cometeu um erro, começamos a achar que todos a nossa volta também o sabem.

Dizem que arrependimento não mata, mas eu acho que mata sim. Não é como um tiro ou um ataque cardíaco... Não mata instantaneamente. O arrependimento vai matando aos poucos, vai destruindo qualquer possibilidade de a pessoa se reerguer. Nós nos deitamos de noite, colocamos a cabeça no travesseiro e por vezes nem dormimos. Quando conseguimos dormir, temos apenas pesadelos. Aquilo lá dentro está grudado na mente, no inconsciente, no nosso mais profundo ser... No fim não há mais esperança, nós só queremos que tudo acabe...

Um comentário:

  1. Você diz que por vezes as pessoas tem a necessidade de alocar a culpa aos outros para sentirem-se melhor. Isso é um extremo ruim, pois afinal, cada um tem que assumir suas responsabilidades e arcar com os ônus pelo que fez ou deixou de fazer.

    Contudo, será que não seria um outro extremo (e igualmente ruim) tentar absorver toda essa culpa em si mesmo? Será que maximizar essa culpa não seria se punir duas vezes (uma pelas consequências do erro, e outra pelo tempo se torturando pela culpa)?

    A verdade é essa: a culpa intolerável e exagerada é uma segunda punição.

    Quanto a sua descrição do sentimento eu achei perfeita (Afinal, já senti em tempos bem recentes). Mas há uma parte da qual discordo. No final sempre há esperança. O amanhã sempre tem a chance de ser muito, MUITO melhor. Não depende apenas de você, mas você pode lutar para vencer qualquer circunstância. E no fim, mesmo que tenhamos cometidos vários erros e carreguemos a culpa por eles em nosso íntimo por tanto tempo, será que centenas ou milhares de outros acertos não servem para compensar esses erros? Será que as várias outras vezes em que fizemos um mundo melhor com nossos atos não resultam em um "saldo positivo" nosso no mundo que construímos?

    A culpa é útil até onde nos faz aprender e refletir. Além desse ponto, ela se torna uma segunda punição. E para escapar dela, faça dela algo útil. Aprenda com ela, e com isso faça um mundo melhor com seus atos. E assim, ela vai desaparecer. Restitua em dobro o que você tirou de si ou de outro. E aí, você vai chegar ao sentimento oposto da culpa - seja lá qual seja ele. :P

    ResponderExcluir