quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Quadrilha
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Sobre as nossas conversas
Deixei a bolsa cair ao meu lado no banco do passageiro e me virei pra ele, com um olhar de quem não quer admitir o que está óbvio. Eu queria conversar - não importando sobre o que, sobre quem e nem por quanto tempo... Eu só queria estar ali com ele.
Ele não olhou as horas e nem se preocupou com as pessoas que passavam perto do carro. Aquela era uma oportunidade rara. Não que não tivéssemos conversado nas outras vezes que estivemos sozinhos - porque conversávamos o tempo todo, mas dessa vez era diferente. Eu não queria ir embora e sentia que ele também não queria que eu fosse.
Ora! Logo eu que nunca falei dessas coisas todas me vi lá, rindo do passado que eu não vivi. Imaginando 1001 coisas pra que o tempo não passasse. Me vi segurando minha vontade de tocar nele e acabar com o encanto todo. Imaginei até cenas de beijos em pleno dia de domingo - que vergonha!
E ele me contava sobre a família, sobre os erros, a bagunça e tudo mais que se pudesse imaginar. Eu estava vendo por baixo da máscara que ele usava - porque todos nós temos um disfarce que usamos a maior parte do tempo. E quando ele se livrou do dele ali, bem na minha frente eu soube. Soube que era ali mesmo que eu deveria estar. Nada dessa frescura de pra sempre, de eterno. Eu deveria estar ali agora, só pra ver ele contar aquelas coisas e rir, como se não fizesse diferença alguma. Mas fazia. Ah, se fazia.
A gente vive a vida de um jeito tão corrido, sem prestar atenção nos detalhes e quando se vê numa situação dessas fica desarmado. A vontade de ficar era grande (talvez até um pouco maior do que quando havíamos parado o carro), mas eu tinha que ir logo. E lá estava eu, novamente imaginando de quantas maneiras estúpidas eu poderia estragar aquele momento. Resolvi não fazer besteira dessa vez. Agradeci a conversa, dei-lhe um beijo no rosto e saí - me sentindo tão bem quanto há muito tempo não sentia.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Grey's Anatomy
Derek: Meredith...
Meredith: Cala a boca. Você diz Meredith e eu grito, lembra?
Derek: Sim.
Meredith: Muito bem. Aqui está. Sua escolha? É simples. Ela ou eu. E tenho certeza que ela é fantástica, mas, Derek, eu te amo. De verdade mesmo, daquele jeito que "finge que gosta do seu gosto em música, te deixa comer o último pedaço de torta, segura um rádio acima da cabeça do lado de fora de sua janela," desse jeito infeliz que me faz te odiar, eu te amo. Portanto, me escolha. Me escolha. Me ame."
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Depressa
sexta-feira, 1 de julho de 2011
O "amor" irá nos separar
(*Vamos esclarecer um pouco as coisas: amar e ser amado não precisa ser necessariamente por um namorado/marido. Podemos muito bem ser amados pelos nossos pais, pelos nossos amigos... Enfim, as possibilidades são inúmeras.)
Mas o que dizer das vezes em que nosso egoísmo passa a falar mais alto, a ponto de fazer a pequena voz do amor calar? Nós envenenamos o amor dia após dia - e eu não estou de brincadeira. Nós o machucamos, pisamos, menosprezamos... Mas tudo em nome de um bem maior: a fidelidade, a exclusividade. Ou melhor dizendo: a lealdade.
Será que essas coisas podem ser compradas? Será que podem ser impostas? Será que devo impedir meu companheiro de ter amizades com medo de que ele descubra um novo amor? Será que não devo dar a ele um minuto sequer de sossego, para que ele não tenha tempo de olhar pra mais ninguém? Devo deixá-lo exausto a ponto de não querer conversar com mais ninguém?
Vocês sabem que isso acontece - e não pouco. Cada vez mais vejo isso. Vejo cobranças, brigas - e o pior de tudo: soberba! SIM! Além de todos os joguinhos psicológicos, existe a presunção da convicção. Agora me responda sinceramente:
-Que direito tem você de infernizar a vida do próximo?
E mais:
-Que direito tem você de infernizar a vida dos demais?
Insegurança, pra mim, é uma desculpa. Um pretexto babaca pra podermos ser mesquinhos. Quem não sabe viver a vida sem culpar os outros pelo que não pode fazer, não merece se relacionar com mais ninguém. Vai se relacionar pra que? Pra fazer uma chantagem aqui, dar uma chorada ali e aos poucos acabar com a vida social da pessoa que gosta?
Pode parecer besteira, mas quem ama não impede de nada. Quem ama, quer acima de tudo, ver a pessoa que gosta feliz. Se isso significa sair sozinho com os amigos em alguns finais de semana, não tem problema nenhum. Quem ama não faz chantagem, não coloca em saia justa, não proíbe.
Será que estou sendo démodé? Acho que não. Essa, é só minha opinião. O que mais poderia ser?
sexta-feira, 24 de junho de 2011
O morro dos ventos uivantes
Por causa da mera inclinação que sentias pelo Linton? Pois não foi a miséria, nem a degradação; nem a morte, nem algo que Deus ou Satanás pudessem enviar, que nos separou. Foste tu, de livre vontade, que o fizeste. Não fui eu que te despedacei o coração, foste tu própria. E, ao despedaçares o teu, despedaçaste o meu também. Tanto pior para mim, que sou forte e saudável. Se eu desejo continuar a viver? Que vida levarei quando... Oh! Meu Deus! Gostarias tu de viver com a alma na sepultura?
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Nada machuca como você
Eu levantei minhas mãos para ficar sob a sua mira. Sim, eu estou pronto! Não há nada, nada que nós não possamos vencer. Oh, isso me atingiu como um trem de carga de ferro quando você
me deixou. Nada me machuca como você!
Eu fui ingênuo e apressado, mas você me fez ver que não dá para provar do mel sem provar do ferrão da abelha. Não, não dá! É, você me ferruou de jeito. Ah, é, você cavou bem fundo, mas eu aguento, eu aguento isso, eu aguento isso até que eu esteja de joelho.
Não há nada, nada que eu não faria: andar mil milhas sobre vidros quebrados. Isso não vai me parar de continuar meu caminho de volta pra você. Não é real até você sentir a dor... Nada me machuca como você!
Oh, nada como machucar você! Você tem que acreditar em mim. Oh, tudo não passava de um jogo... É, você jogou legal comigo mas eu te quero, eu te quero, eu te quero, eu te quero, eu te quero! Oh, isso me atingiu como um furacão quando você me deixou, mas eu faria, eu faria tudo de novo por você! Eu andaria mil milhas sobre vidros quebrados. Isso não vai me parar de continuar meu caminho de volta pra você. Não é real até você sentir a dor, nada me machuca como você.
domingo, 15 de maio de 2011
Até parece
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Prazer, Coringa.
Você dirigia enquanto eu colocava a cabeça pra fora da janela e sentia, de olhos fechados, o vento frio no rosto. O vento frio do inverno no Rio Grande do Sul. Você disse que me levaria para a serra e que teríamos arco-e-flecha e armas e caças e facas de damasco. Eu dancei nua pra você naquela noite. Naquela noite em que dormimos numa pousada em Nova Petrópolis. E vi o Coringa. Chorei, eu sei que chorei quando te olhei e você disse com voz rouca, tudo bem, vai ficar tudo bem. Não, não vai ficar tudo bem porque você é o Coringa e tem esse jeito de me olhar e esse sorriso malicioso. Eu sei, eu sei porque você me trouxe aqui, você me trouxe aqui pra debochar de mim.
O gato na parede, meia-calça preta no chão gelado, a lareira azul e folk no rádio. Na primeira vez, na tua cama, árvores, janela aberta e a lua. Vi vampiros na estrada perto de Cidreira. Nos meus sapatos vermelhos ainda há a lembrança do Bom Fim. E tinha aquele pescador solitário bem ao longe na praia. Eu fiz fotografia. Mas eu sei que um dia tudo vai acabar.
Sozinha, em São Paulo, olho para o teto branco. Não valho nada. Não sei mais andar de mãos dadas. Não sei mais dizer eu te amo. Sou agora meus sapatos vermelhos, meu jeans surrado e meus livros velhos. Posso beber com você, fumar com você, trepar com você, mas sou apenas uma garota sem esperanças. Não diga que vem me ver de novo. Porque eu vou rodar por aí a pé da Heitor Penteado até o Baixo Augusta. Vou rir e beber entre os atores todos da Praça Roosevelt. E esquecer. Não precisa me convencer de nada.Não posso mais te dar um filho. Estou velha. As coisas nunca são como antes. Há o cansaço, novas reclamações e manias. A de nunca mais querer é uma delas. Gosto de abraçar minhas próprias pernas. Dá uma sensação de conforto e abrigo. Porque essa sensação eu conheço e não oferece nenhum risco. Risco de perder de novo.Quando subir a serra mais uma vez, aumente o volume do rádio. Bauhaus há de tocar as estrelas e abrir a neblina. Segunda-feira vou até o Martinelli fotografar. Paisagem. Me convença, Coringa. Me convença de que você é mais forte. Me convença de que você sabe mesmo rir. Quero ver você rir da própria desgraça. Eu vou dançar sobre seu peito e seus braços tatuados até você chorar pela última vez. E se arrepender. Eu danço com a morte, eu tenho olhos da noite. Você é só um homem que insiste em acreditar. Estamos todos mortos descendo a mesma serra rumo ao inferno. Quando chegarmos lá no fim, aquele beijo será apenas um retrato esquecido no fundo da gaveta. Desbotado.segunda-feira, 7 de março de 2011
Sobre perder.
Ele estava ali parado na sua frente e você perdeu a coragem de falar. Você perdeu a chance de consertar as coisas, de fazer tudo ficar okay. Você só tinha que abrir a boca e dizer tudo que estava sentindo. Sim, era tudo o que ele estava esperando.
E com isso, mais uma pessoa perdeu algo: ele perdeu a esperança. Perdeu a esperança de que vocês finalmente pudessem ficar juntos. Perdeu a vontade de te ver, perdeu a vontade de tentar de novo - perdeu a vontade de tentar tantas e tantas outras vezes depois.
Quantas coisas não perdemos pelo medo de tentar? Perdemos por pensar demais no "se der errado", no "se ela não quiser" ou no "se ele não me perdoar". É quase um medo de ser feliz, de ser sincero, de correr atrás. É o medo da rejeição, o medo do não... Mesmo que esse não signifique um 'fale de novo". É um medo de jogar limpo consigo mesmo e com os outros. Medo de não ter uma carta na manga, quando na verdade o que a gente quer mesmo, é jogar tudo pro alto e partir pro abraço.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Stardust.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Romanticídio
Para ofender, para me proteger do mal.
Deixe-me ser!
A overdose de mentiras está me matando.
Romanticídio, até que o amor me separe.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Strip-Tease
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".
Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".
Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".
Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".
E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.