sábado, 13 de março de 2010

Sobre o adeus

Ontem a noite, ele finalmente me disse adeus. Me abraçou uma última vez, e então se foi. Fiquei ali, apenas olhando aquela cena. Aquele triste final. Para onde ele fora, talvez eu jamais saiba... Mas se me perguntarem a quantidade exata de passos que ele deu, a medida que se afastava; isso eu jamais poderia esquecer.

Por que?

Acho que nunca vou entender realmente o que aquela última noite significou para ele. Talvez não tenha nem significado algo. Minhas fantasias me confundem, e se eu tivesse que decidir o que fora real ou não, eu simplesmente não conseguiria. Penso que só vejo o que quero em situações como essa.


Ilusão.

Pode ser. Nunca ouvi da boca desse estranho que tanto roubava meu tempo, as palavras que sempre esperei ouvir. Nunca senti a chama ardente nos olhos, no toque, no coração. Quando nos deitávamos a sós e eu conseguia sentí-lo respirar junto de mim, eu sabia que ali era o meu lugar, a onde eu pertencia. Mas e agora, da onde sou? A que lugar realmente pertenço, se já não tenho mais os braços dele para retornar?

terça-feira, 9 de março de 2010

No carnaval

Eu sempre pensei que fosse uma pessoa de sorte - tá, nunca pensei, mas deixe-me fingir por alguns momentos. Até que ontem, quando estava indo para o carnaval no centro, deparei-me com uma figura muito estranha. O cara veio andando na minha direção, calça larga, boné sujo, tênis rasgado e uma puta cara de marginal. Pensei comigo -Fudeu.

Tive vontade de dar meia volta, acelerar o passo e me sumir. Tá, até podia funcionar... Mas se ele quisesse mesmo me assaltar, não ia dar outra; ele ia sair correndo atrás de mim e podia ser até pior. Então que fosse ali, no meio da rua (por mais que estivesse deserta), assim ele só me assaltaria - isso na minha cabeça. Resolvi dar uma de macho (coisa que eu não pareço nem de longe), levantei a cabeça, estufei o peito e continuei andando.

A cada passo meu, eu ia me apertando. Cara, pra quê dar uma de corajosa? Vou perder meu celular, meus documentos, meu MP3... Tudo pra dar uma de malandra? Ah, não! Droga, mas já é tarde demais. Ele está a menos de 10 passos (cinco meus e cinco dele). A cada passo meu coração dá umas quatrocentas batidas por segundo, e o cara vai se aproximando... Se aproximando. "PORCARIA! Nunca gostei de carnaval, pra quê que resolvi vir esse ano? Pra ser assaltada?". Tá, isso não tá ajudando.

Quando estamos frente a frente, ele abre a boca. Nem sei o que pensei, mas cheguei a fechar os olhos. O cara diz 'Hey, que horas são?'

Pára tudo, eu tava me apertando por causa de um cara que me pede as horas? Que ridículo. Minha auto estima masculina caiu por chão. Que papo é esse de horas? Um baita dum cara, vestido do jeito que tá e vem com essa histórinha de horas? Ah, vá catar coquinho!

-Não sei, tô sem relógio. (Tri disfarçando, praticamente dizendo que não tenho celular, dinheiro e nem nada de interessante).
-Valeu.

E continuou caminhando.

Fiquei alguns milésimos de segundo parada, apenas tentando imaginar a cena vista de fora. Me senti mega preconceituosa com o cara. Tá bom que hoje em dia é perigoso sair de noite sozinha, mas só fiquei com medo dele pelas roupas e pelo jeito de andar. Se fosse um playboyzinho, eu nem teria ligado - e pode ser que esse sim, tivesse me assaltado.

Bom, por essas e outras dei meia volta e fui para casa. Melhor deixar o carnaval passar em branco - como sempre passou. (:

segunda-feira, 8 de março de 2010

A vida

Nunca pensei muito nas coisas que faço. Apenas as faço. Tá, pra ser franca, eu penso sim. Só que penso nas coisas que faço, quando acho que cometi um erro, quando acho que machuquei alguém. Quando vejo no rosto das pessoas que amo a desaprovação, o descontentamento. Não que eu seja alguém perfeccionista, que tenta apenas fazer o certo e que busca o apoio de terceiros, mas é que a pior coisa que existe é ver como um erro nosso pode entristecer outros.

As vezes páro - como agora, e vejo quantas bobagens já fiz. Quantas atitudes impensadas, quantas aventuras desnecessárias, apenas para me pôr no limite... Para me testar, seria a palavra correta. Quantos riscos corri, sem ao menos perceber. Acho que ainda estou inteira por um detalhe do destino. Dizem que algo (ou Alguém) protege aos bêbados, para que voltem vivos para casa, e eu acredito que essa mesma pessoa/sorte, se dirija a mim. Sou uma pessoa inconsequente, será que isso é algum crime?

Mas também páro e penso nas coisas boas que tirei de situações que tinham TUDO para dar errado. Vejo quantas pessoas legais eu conheci, quantas coisas boas aprendi, quantas risadas eu dei. Nada passa em branco. Até uma ida à padaria tem suas histórias, e olhe que eu tenho várias para contar.

Onde quero chegar? A vida é cheia de surpresas, de perigos, de felicidades. De bons e maus momentos, que nós - por bem ou não, somos obrigados a viver. Não nascemos para sermos reclusos em um mundo pequeno, em um quarto escuro, em uma cidade fantasma... Nós somos o que somos, temos o que temos para que cresçamos como pessoas, para que aprendamos dia após dia a dádiva que a vida é. Por vezes ela parece tão cruél, mas é assim que ela é! A vida é uma menina mal-criada, que um dia nos beija o rosto e no outro nos toca pedras. Cabe a nós descobrir como fazer com que ela nos beije mais do que machuque.