terça-feira, 9 de março de 2010

No carnaval

Eu sempre pensei que fosse uma pessoa de sorte - tá, nunca pensei, mas deixe-me fingir por alguns momentos. Até que ontem, quando estava indo para o carnaval no centro, deparei-me com uma figura muito estranha. O cara veio andando na minha direção, calça larga, boné sujo, tênis rasgado e uma puta cara de marginal. Pensei comigo -Fudeu.

Tive vontade de dar meia volta, acelerar o passo e me sumir. Tá, até podia funcionar... Mas se ele quisesse mesmo me assaltar, não ia dar outra; ele ia sair correndo atrás de mim e podia ser até pior. Então que fosse ali, no meio da rua (por mais que estivesse deserta), assim ele só me assaltaria - isso na minha cabeça. Resolvi dar uma de macho (coisa que eu não pareço nem de longe), levantei a cabeça, estufei o peito e continuei andando.

A cada passo meu, eu ia me apertando. Cara, pra quê dar uma de corajosa? Vou perder meu celular, meus documentos, meu MP3... Tudo pra dar uma de malandra? Ah, não! Droga, mas já é tarde demais. Ele está a menos de 10 passos (cinco meus e cinco dele). A cada passo meu coração dá umas quatrocentas batidas por segundo, e o cara vai se aproximando... Se aproximando. "PORCARIA! Nunca gostei de carnaval, pra quê que resolvi vir esse ano? Pra ser assaltada?". Tá, isso não tá ajudando.

Quando estamos frente a frente, ele abre a boca. Nem sei o que pensei, mas cheguei a fechar os olhos. O cara diz 'Hey, que horas são?'

Pára tudo, eu tava me apertando por causa de um cara que me pede as horas? Que ridículo. Minha auto estima masculina caiu por chão. Que papo é esse de horas? Um baita dum cara, vestido do jeito que tá e vem com essa histórinha de horas? Ah, vá catar coquinho!

-Não sei, tô sem relógio. (Tri disfarçando, praticamente dizendo que não tenho celular, dinheiro e nem nada de interessante).
-Valeu.

E continuou caminhando.

Fiquei alguns milésimos de segundo parada, apenas tentando imaginar a cena vista de fora. Me senti mega preconceituosa com o cara. Tá bom que hoje em dia é perigoso sair de noite sozinha, mas só fiquei com medo dele pelas roupas e pelo jeito de andar. Se fosse um playboyzinho, eu nem teria ligado - e pode ser que esse sim, tivesse me assaltado.

Bom, por essas e outras dei meia volta e fui para casa. Melhor deixar o carnaval passar em branco - como sempre passou. (:

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